Berahot 21b tradução para o Beit Midrash Livre

וּצְרִיכָא, דְּאִי אַשְׁמְעִינַן קַמַּיְיתָא, הָנֵי מִילֵּי יָחִיד וְיָחִיד

A Guemará observou: Este conceito é idêntico à declaração anterior de Shmuel sobre aquele que já tinha rezado, para que ele não precisasse rezar novamente. No entanto, ambas as declarações foram necessárias: Se ele tivesse nos ensinado a primeira halahá, teríamos dito que isso se aplicaria apenas a um caso envolvendo um indivíduo que rezou e um indivíduo que começou a repetir a reza...

אוֹ צִבּוּר וְצִבּוּר, אֲבָל יָחִיד לְגַבֵּי צִבּוּר כְּמַאן דְּלָא צַלִּי דָּמֵי, קָמַשְׁמַע לַן. וְאִי אַשְׁמְעִינַן הָכָא, מִשּׁוּם דְּלָא אַתְחֵיל בַּהּ, אֲבָל הָתָם דְּאַתְחֵיל בַּהּ — אֵימָא לָא. צְרִיכָא.

...ou um caso em que ele rezou, participando do rito com uma congregação e começou a repetir [a reza], como parte do rito de uma congregação; no entanto, num caso em que ele inicialmente rezou por si e, posteriormente, se juntou à congregação no local onde estava rezando, poderíamos ter dito que um indivíduo em relação à congregação seria considerado como 'aquele que não rezou'. Portanto, ele nos ensinou que, neste caso, também, pode-se não repetir a reza. E, por outro lado, se ele tivesse nos ensinado aqui apenas no que diz respeito a alguém que entrou numa sinagoga, teríamos pensado que a razão pela qual ele não poderia rezar novamente, seria porque ele ainda não teria começado a recitar a reza... mas lá, no caso em que elecomeçou a recitar a reza - se diz que este não seria o caso, então ele poderia continuar a repetir a reza. Portanto, ambas as declarações seriam necessárias.

אָמַר רַב הוּנָא: הַנִּכְנָס לְבֵית הַכְּנֶסֶת וּמָצָא צִבּוּר שֶׁמִּתְפַּלְּלִין, אִם יָכוֹל לְהַתְחִיל וְלִגְמוֹר עַד שֶׁלֹּא יַגִּיעַ שְׁלִיחַ צִבּוּר לְ״מוֹדִים״ — יִתְפַּלֵּל. וְאִם לָאו — אַל יִתְפַּלֵּל. רַבִּי יְהוֹשֻׁעַ בֶּן לֵוִי אָמַר: אִם יָכוֹל לְהַתְחִיל וְלִגְמוֹר עַד שֶׁלֹּא יַגִּיעַ שְׁלִיחַ צִבּוּר לִ״קְדוּשָּׁה״ — יִתְפַּלֵּל, וְאִם לָאו — אַל יִתְפַּלֵּל.

O rav Huna disse: [Falando sobre o caso] daquele que ainda não rezou e entrou numa sinagoga e descobriu [ao fazer isso] que a congregação estava no meio da recitação da reza da Amidá: Se [a pessoa estimar que] é capaz de começar e completar sua própria reza, antes que o condutor da reza [comunitária] atinja o ponto aonde se recita a bênção de agradecimento [מוֹדִים], a pessoa deve começar a rezar. E se não for este caso, não deve começar a rezar. O rabino Iehoshua ben Levi disse: Se ele estimar que é capaz de começar e completar sua reza, antes que o condutor da reza [comunitária] chegue à consagração [קְדוּשָּׁה], então ele deve começar a reza. Se não for este o caso, então ele não deve começar a rezar.

בְּמַאי קָא מִפַּלְגִי — מָר סָבַר יָחִיד אוֹמֵר ״קְדוּשָּׁה״, וּמַר סָבַר אֵין יָחִיד אוֹמֵר ״קְדוּשָּׁה״.

A Guemará esclarece: Com relação ao que exatamente, eles discordavam? A base para sua disputa era que um Sábio, o rav Huna, afirmava: Um indivíduo é autorizado a recitar קְדוּשָּׁה kedusha por conta própria. Então, ele não precisaria insistir em recitar [o trecho] junto com o condutor da reza comunitária. E o outro Sábio, o rabino Iehoshua ben Levi, afirmava que um indivíduo não poderia recitar a קְדוּשָּׁה kedusha e, portanto, ele seria obrigado a completar sua reza, antes que o condutor da reza chegasse a parte da קְדוּשָּׁה kedusha.

וְכֵן אָמַר רַב אַדָּא בַּר אַהֲבָה: מִנַּיִן שֶׁאֵין הַיָּחִיד אוֹמֵר ״קְדוּשָּׁה״ — שֶׁנֶּאֱמַר: ״וְנִקְדַּשְׁתִּי בְּתוֹךְ בְּנֵי יִשְׂרָאֵל״, כׇּל דָּבָר שֶׁבִּקְדוּשָּׁה לֹא יְהֵא פָּחוֹת מֵעֲשָׂרָה.

Da mesma forma, o rav Ada bar Ahava afirmou de acordo com a segunda opinião: De onde foi derivado que um indivíduo não poderia recitar a קְדוּשָּׁה kedusha sozinho? Do que está dito: "E serei consagrado, entre os filhos de Israel" (Vaicrá 22 : 32), implicado que qualquer expressão de consagração, não poderia ser recitada num agrupamento menor que dez homens.

מַאי מַשְׁמַע? דְּתָנֵי רַבְנַאי אֲחוּהּ דְּרַבִּי חִיָּיא בַּר אַבָּא: אָתְיָא ״תּוֹךְ״ ״תּוֹךְ״. כְּתִיב הָכָא: ״וְנִקְדַּשְׁתִּי בְּתוֹךְ בְּנֵי יִשְׂרָאֵל״, וּכְתִיב הָתָם: ״הִבָּדְלוּ מִתּוֹךְ הָעֵדָה הַזֹּאת״, מָה לְהַלָּן עֲשָׂרָה. אַף כָּאן עֲשָׂרָה.

A Guemará pergunta: Como isso foi deduzido a partir desse verso?

A Guemará responde: Isso deve ser entendido à luz de um baraita, que foi ensinado por Rav'nai, o irmão do rabino Ḥía bar Aba que disse: É deduzido por meio de uma analogia verbal [guezerá shavá] entre as palavras: תּוֹךְ entre que aparecem num verso, e תּוֹךְ entre que aparecem em outro verso. Num caso está escrito: וְנִקְדַּשְׁתִּי בְּתוֹךְ בְּנֵי יִשְׂרָאֵל "E serei consagrado entre os filhos de Israel", e no outro caso, em relação à congregação de Kora'h, está escrito: הִבָּדְלוּ מִתּוֹךְ הָעֵדָה הַזֹּאת "Separem-se de entre esta congregação" (Bamidbar 16 : 21). Assim como há a menção do termo תּוֹךְ "entre" conotando naquele caso dez indivíduos, assim também aqui na menção do termo תּוֹךְ "entre", se estaria conotando dez indivíduos. A conotação de haver dez indivíduos, associados no verso pela palavra תּוֹךְ "entre" mencionada na porção de Kora'h seria, por sua vez, derivada e outra 'analogia verbal' entre a palavra עֵדָה "congregação" escrita naquele caso, e a palavra עֵדָה "congregação", escrita em referência aos 'dez espiões', que falaram mal da terra de Israel: עַד־מָתַי לָעֵדָה הָרָעָה הַזֹּאת "Quanto tempo com esta congregação?" (Bamidbar 14 : 27). Consequentemente, os termos תּוֹךְ "entre" e עֵדָה "congregação" indicam haver, pelo menos, dez indivíduos.

וּדְכוּלֵּי עָלְמָא מִיהַת מִפְסָק לָא פָּסֵיק.

E, de qualquer forma, todos concordam que não se pode interromper a própria reza a fim de responder a קְדוּשָּׁה kedusha.

אִיבַּעְיָא לְהוּ: מַהוּ לְהַפְסִיק לִ״יהֵא שְׁמוֹ הַגָּדוֹל מְבוֹרָךְ״? כִּי אֲתָא רַב דִּימִי, אָמַר: רַבִּי יְהוּדָה וְרַבִּי שִׁמְעוֹן תַּלְמִידֵי דְּרַבִּי יוֹחָנָן אָמְרִי: לַכֹּל אֵין מַפְסִיקִין חוּץ מִן ״יְהֵא שְׁמוֹ הַגָּדוֹל מְבוֹרָךְ״. שֶׁאֲפִילּוּ עוֹסֵק בְּמַעֲשֵׂה מֶרְכָּבָה — פּוֹסֵק. וְלֵית הִלְכְתָא כְּוָתֵיהּ.

No entanto, um dilema foi proposto diante dos Sábios da Ieshivá, por meio de um questionamento formulado nos seguintes termos: Qual é a decisão, neste caso: Se pode interromper a própria reza para recitar: יהֵא שְׁמוֹ הַגָּדוֹל מְבוֹרָךְ "Que seu grande nome seja abençoado" o trecho responsivo do rito do kadish?

E quando o rav Dimi veio de Irael para a Babilônia, ele respondeu dizendo:

O rabino Iehudá e o rabino Shimon - que eram discípulos do rabino Ioḥanan - disseram:

Não se pode interromper a própria reza por nada, exceto para recitar justamente: יְהֵא שְׁמוֹ הַגָּדוֹל מְבוֹרָךְ "Que seu grande nome seja abençoado", posto que mesmo se alguém estivesse envolvido no estudo de temas considerados importantes, como o da מַעֲשֵׂה מֶרְכָּבָה carroça divina (o texto de Ieheskel 1) ele deveria parar e fazer a recitação.

No entanto, a Guemará conclui:

A halahá não está de acordo com a opinião deles.

רַבִּי יְהוּדָה אוֹמֵר מְבָרֵךְ לִפְנֵיהֶם וּלְאַחֲרֵיהֶם. לְמֵימְרָא דְקָסָבַר רַבִּי יְהוּדָה בַּעַל קֶרִי מוּתָּר בְּדִבְרֵי תוֹרָה? וְהָאָמַר רַבִּי יְהוֹשֻׁעַ בֶּן לֵוִי, מִנַּיִן לְבַעַל קֶרִי שֶׁאָסוּר בְּדִבְרֵי תוֹרָה — שֶׁנֶּאֱמַר: ״וְהוֹדַעְתָּם לְבָנֶיךָ וְלִבְנֵי בָנֶיךָ״, וּסְמִיךְ לֵיהּ: ״יוֹם אֲשֶׁר עָמַדְתָּ וְגוֹ׳״. מָה לְהַלָּן בַּעֲלֵי קְרָיִין אֲסוּרִין, אַף כָּאן בַּעֲלֵי קְרָיִין אֲסוּרִין!

Aprendemos na mishná que o rabino Iehudá disse em relação a alguém בַּעַל קֶרִי que experimentasse uma emissão seminal; que ele recitaria a bênção anterior e posterior tanto no caso do rito do Shemá, quanto no caso do rito do agradecimento pelo alimento.

A Guemará pergunta: Isso quer dizer que o rabino Iehudá afirmava, que aquele בַּעַל קֶרִי que experimentasse uma emissão seminal estaria então autorizado a se envolver em assuntos da Torá? Mas, o rabino Iehoshua ben Levi, não tinha dito:

De onde na Torá seria derivado, que aquele בַּעַל קֶרִי que experimentasse uma emissão seminal seria proibido de se envolver em assuntos da Torá?

Foi derivado do que foi dito: "apenas tomem cuidado, e cuidem de viver de modo diligente para que não esqueçam do que viram com os próprios olhos, para que essas coisas não se desvaneçam do coração de vocês. Ao contrário, וְהוֹדַעְתָּם לְבָנֶיךָ וְלִבְנֵי בָנֶיךָ façam-nas conhecidas a seus filhos e netos -" (Devarim 4 : 9); do qual derivamos, entre outras coisas, a obrigação de estudar Torá. E, justaposta a esta declaração, está o verso: יוֹם אֲשֶׁר עָמַדְתָּ לִפְנֵי יְהֹוָה אֱלֹהֶיךָ בְּחֹרֵב "o dia em que vocês estiveram diante de HaShem, vosso Elo'ah em Horev" (Devarim 4 : 10). Essa justaposição nos ensinaria que, assim como naquele caso da revelação no Monte Sinai, בַּעֲלֵי קְרָיִין aqueles que experimentaram uma emissão seminal, foram proibidos e ordenados a se abster das relações conjugais e realizarem banho ritual; do mesmo modo aqui, no verso que menciona o ensino 'ao longo das gerações', podemos concluir que aqueles que בַּעֲלֵי קְרָיִין experimentarem uma emissão seminal seriam proibidos de se envolver em estudo da Torá.

וְכִי תֵּימָא רַבִּי יְהוּדָה לָא דָּרֵישׁ ״סְמוּכִים״, וְהָאָמַר רַב יוֹסֵף: אֲפִילּוּ מַאן דְּלָא דָּרֵישׁ סְמוּכִים בְּכָל הַתּוֹרָה, בְּמִשְׁנֵה תוֹרָה — דָּרֵישׁ. דְּהָא רַבִּי יְהוּדָה לָא דָּרֵישׁ ״סְמוּכִין״ בְּכָל הַתּוֹרָה כּוּלָּהּ וּבְמִשְׁנֵה תוֹרָה — דָּרֵישׁ.

E se você disser que 'o rabino Iehudá não derivava interpretações homiléticas de versos justapostos' - para disso concluir regras rituais - Ora, o rav Iossef já não tinha dito: Mesmo aquele que não deriva interpretações homiléticas de versos justapostos para disso derivar regras rituais, por toda a Torá, mesmo assim faria esta derivação, especificamente no מִשְׁנֵה תוֹרָה Mishneh Torá [o Sefer Devarim], tal qual o rabino Iehudá fazia! Pois ele não derivava interpretações homiléticas de versões justapostos por toda a Torá, mas ele fazia tais derivações no מִשְׁנֵה תוֹרָה Mishneh Torá.

וּבְכׇל הַתּוֹרָה כּוּלָּהּ מְנָא לַן דְּלָא דָּרֵישׁ — דְּתַנְיָא, בֶּן עַזַּאי אוֹמֵר: נֶאֱמַר ״מְכַשֵּׁפָה לֹא תְחַיֶּה״, וְנֶאֱמַר ״כׇּל שׁוֹכֵב עִם בְּהֵמָה מוֹת יוּמָת״ — סְמָכוֹ עִנְיָן לוֹ, לוֹמַר: מָה שׁוֹכֵב עִם בְּהֵמָה בִּסְקִילָה, אַף מְכַשֵּׁפָה נָמֵי בִּסְקִילָה.

E de onde derivamos que o rabino Iehudá não fazia derivações homiléticas interpretativas de versos que estivessem justapostos por toda a Torá?

Aprendemos isso, do que foi ensinado num baraita no que diz respeito à punição de uma feiticeira, sobre a qual ben Azai disse: O verso diz: מְכַשֵּׁפָה לֹא תְחַיֶּה "Você não deve permitir que uma feiticeira viva" (Shemot 22 : 17), então, embora a forma de sua execução não tenha sido especificada, e tenha sido dito: כׇּל שׁוֹכֵב עִם בְּהֵמָה מוֹת יוּמָת "Quem se deitar com um Behemah, certamente será executado" (Shemot 22 : 18). O fato de que a Torá ter justaposto este assunto da feiticeira a esse assunto da pessoa que se deita com Behemah, foi interpretado como que dizendo: Assim como naquele caso da pessoa que se deita com Behemah sabemos que a pessoa seria executada por meio de Sekilá/apedrejamento (tal qual Vaicrá 20), então também no caso da feiticeira concluímos que ela seria executada por Sekilá.

אָמַר לוֹ רַבִּי יְהוּדָה: וְכִי מִפְּנֵי שֶׁסְּמָכוֹ עִנְיָן לוֹ, נוֹצִיא לָזֶה לִסְקִילָה? אֶלָּא: אוֹב וְיִדְּעוֹנִי בִּכְלַל כׇּל הַמְכַשְּׁפִים הָיוּ, וְלָמָּה יָצְאוּ — לְהַקִּישׁ לָהֶן וְלוֹמַר לָךְ: מָה אוֹב וְיִדְּעוֹנִי בִּסְקִילָה — אַף מְכַשֵּׁפָה בִּסְקִילָה.

Em relação a esta comprovação, o rabino Iehudá disse a ele:

E do mero fato da Torá justapor este assunto, é que estaríamos mandando essa pessoa ser levada para execução por Sekilá?

Se a pessoa foi condenada à pena capital mais severa, com base nisso, a fonte seria: Pessoas que faziam o rito de Ov e Id'onim e quem fosse mago teriam sido incluídos no tema. E por qual motivo eles foram singularizados do resto dos casos, no verso:

וְאִישׁ אוֹ־אִשָּׁה כִּי־יִהְיֶה בָהֶם אוֹב אוֹ יִדְּעֹנִי מוֹת יוּמָתוּ בָּאֶבֶן יִרְגְּמוּ אֹתָם דְּמֵיהֶם בָּם׃ {פ} - "O homem ou a mulher que [fizer o rito de] Ov [ou, o rito de] Id'onim, será executado - com pedras serão executados - [que] seu sangue, seja sobre eles" (Vaicrá 20 : 27)? A fim de traçar uma analogia a eles e dizer:

Assim como uma pessoa que fazia o rito de Ov ou Idioni e um mago eram executados por Sekilá, do mesmo modo uma feiticeira seria então executada por Sekilá.

וּבְמִשְׁנֵה תוֹרָה מְנָא לַן דְּדָרֵישׁ — דְּתַנְיָא: רַבִּי אֱלִיעֶזֶר אוֹמֵר נוֹשֵׂא אָדָם אֲנוּסַת אָבִיו וּמְפוּתַּת אָבִיו אֲנוּסַת בְּנוֹ וּמְפוּתַּת בְּנוֹ.

E de onde derivamos que o rabino Iehudá derivava interpretações homiléticas de versos justapostos especificamente no Mishne Torá?

Do que foi ensinado em outro baraita:

O rabino Eliezer disse que um homem poderia se casar com uma mulher, que tivesse sido חס וחלילה vítima de 'estupro, por seu pai' e com uma mulher que tivesse sido חס וחלילה seduzida por seu pai. Bem como, no caso da mulher que חס וחלילה foi vítima de estupro por seu filho e a que חס וחלילה foi seduzida por seu filho:

Ou seja, embora de um modo geral, tenha sido proibido pela Torá aos Iehudaítas, se casarem com (a) a "esposa" de seu pai [cujo status é definido pela relação sexual ocorrida] ou com, (b) a "esposa" de seu filho... esta proibição porém, não se aplicaria a uma mulher que tivesse sido חס וחלילה vítima de estupro (significando que a relação sexual tida, não era reconhecida haláhicamente) nem se aplicaria ao caso da que tivesse sido "seduzida por eles".

רַבִּי יְהוּדָה אוֹסֵר בַּאֲנוּסַת אָבִיו וּבִמְפוּתַּת אָבִיו. וְאָמַר רַב גִּידֵּל אָמַר רַב: מַאי טַעְמָא דְּרַבִּי יְהוּדָה? — דִּכְתִיב: ״לֹא יִקַּח אִישׁ אֶת אֵשֶׁת אָבִיו וְלֹא יְגַלֶּה אֶת כְּנַף אָבִיו״. כָּנָף שֶׁרָאָה אָבִיו — לֹא יְגַלֶּה.

E o rabino Iehudá porém, proibia a pessoa de se casar com uma mulher que tivesse sido vítima de estupro por seu pai e também uma mulher que tivesse sido seduzida por seu pai.

E o rav Guidel disse que o Rav tinha dito: Qual era a razão para a opinião do rabino Iehudá? Era baseada no que está escrito: לֹא־יִקַּח אִישׁ אֶת־אֵשֶׁת אָבִיו וְלֹא יְגַלֶּה כְּנַף אָבִיו׃ {ס} "Uma pessoa não deve tomar a esposa de seu pai, e não deve descobrir a saia de seu pai" (Devarim 23 : 1). A última expressão no verso: וְלֹא יְגַלֶּה אֶת כְּנַף אָבִיו "e não deve descobrir a saia de seu pai", implica que: "uma saia" que foi "vista" por seu pai, ou seja, qualquer mulher com a qual ele tenha tido relações sexuais, não poderia ser "descoberta" [ou seja, "vista"] por seu filho, o que leva a concluir que, o filho não poderia se casar com ela.

וּמִמַּאי דְּבַאֲנוּסַת אָבִיו כְּתִיב — דִּסְמִיךְ לֵיהּ: ״וְנָתַן הָאִישׁ הַשּׁוֹכֵב עִמָּהּ וְגוֹ׳״.

E de onde sabemos que o verso está registrando o caso específico em relação a uma mulher que foi vítima de estupro pelo pai? Do que foi dito na seção anterior, justaposta a esta tratando das leis relacionadas a casos de estupro: וְנָתַן הָאִישׁ הַשּׁוֹכֵב עִמָּהּ וְגוֹ "E o homem que estava com ela deve dar ao pai, cinquenta shekels... porque ele a violou" (Devarim 22 : 29).

אָמְרִי: אִין בְּמִשְׁנֵה תוֹרָה דָּרֵישׁ, וְהָנֵי סְמוּכִין מִבְּעֵי לֵיהּ לְאִידָךְ דְּרַבִּי יְהוֹשֻׁעַ בֶּן לֵוִי. דְּאָמַר רַבִּי יְהוֹשֻׁעַ בֶּן לֵוִי: כׇּל הַמְלַמֵּד לִבְנוֹ תּוֹרָה מַעֲלֶה עָלָיו הַכָּתוּב כְּאִלּוּ קִבְּלָהּ מֵהַר חוֹרֵב. שֶׁנֶּאֱמַר: ״וְהוֹדַעְתָּם לְבָנֶיךָ וְלִבְנֵי בָנֶיךָ״, וּכְתִיב בָּתְרֵיהּ ״יוֹם אֲשֶׁר עָמַדְתָּ לִפְנֵי ה׳ אֱלֹהֶיךָ בְּחוֹרֵב״.

De qualquer forma, vemos que em Devarim, o rabino Iehudá derivava interpretações homiléticas de versos justapostos.

Sendo assim, por qual motivo ele não interpretava que, בַּעַל קֶרִי aquele que experimentasse uma emissão seminal estaria proibido de se envolver em assuntos de Torá, a partir da justaposição dos versos?

Eles responderam: De fato, no Mishne Torá o rabino Iehudá derivava interpretações homiléticas a partir da justaposição de versos; mas, ele exigiu que esses versos estivessem justapostos a fim de fosse derivado dele um ensino baseado em uma outra declaração, do rabino Iehoshua ben Levi. Tal qual o rabino Iehoshua ben Levi disse: Aquele que ensina Torá a seu filho, o verso atribui a ele o mérito, como se ele mesmo tivesse recebido a Torá do Monte Horev. Como está escrito: "apenas tomem cuidado, e cuidem de viver de modo diligente para que não esqueçam do que viram com os próprios olhos, para que essas coisas não se desvaneçam do coração de vocês. Ao contrário, וְהוֹדַעְתָּם לְבָנֶיךָ וְלִבְנֵי בָנֶיךָ - façam-nas conhecidas a seus filhos e netos" (Devarim 4 : 9-10) após o que está escrito: יוֹם אֲשֶׁר עָמַדְתָּ לִפְנֵי יְהֹוָה אֱלֹהֶיךָ בְּחֹרֵב "o dia em que vocês estiveram diante de HaShem seu Elo'ah no Horev."

Portanto, o rabino Iehudá não derivava dessa mesma justaposição, da qual se explicava aquele ensino, uma outra proibição que impedisse בַּעַל קֶרִי àquele que experimentou uma emissão seminal de se envolver em assuntos de Torá.

תְּנַן זָב שֶׁרָאָה קֶרִי, וְנִדָּה שֶׁפָּלְטָה שִׁכְבַת זֶרַע, הַמְשַׁמֶּשֶׁת וְרָאֲתָה דָּם, צְרִיכִין טְבִילָה. וְרַבִּי יְהוּדָה פּוֹטֵר.

Aprendemos numa mishná que um זָב zav que também experimentou uma emissão seminal, ou uma mulher menstruada de quem também tenha saído sêmen, bem como uma mulher que teve relações sexuais com seu marido e também viu sangue menstrual: Todos estes são casos, nos quais estas pessoas estariam ritualmente impuras por pelo menos sete dias, devido à gravidade de sua impureza ritual. No entanto a regra requer imersão ritual como parte do processo de se purificar da emissão seminal, antes que chegue o prazo final dos sete dias, para que possam se envolver enquanto isso, em assuntos de Torá. E o rabino Iehudá os isentava da necessidade antecipada de imersão ritual.

עַד כָּאן לֹא פָּטַר רַבִּי יְהוּדָה אֶלָּא בְּזָב שֶׁרָאָה קֶרִי, דְּמֵעִיקָּרָא לָאו בַּר טְבִילָה הוּא, אֲבָל בַּעַל קֶרִי גְּרֵידָא מְחַיַּיב.

No entanto, o rabino Iehudá só isentava da imersão ritual antecipada, no caso de um זָב zav que também experimentou uma emissão seminal, e que não estava apto a fazer o banho ritual desde o início, pois mesmo após a imersão ritual, ele permaneceria impuro, devido a impureza de sete dias próprias do זָב zav. Mas, no caso de alguém בַּעַל קֶרִי que experimentasse uma emissão seminal sozinho - sem impureza simultânea - até mesmo o rabino Iehudá requer que seja feita a imersão antecipada, para que ele possa se envolver em assuntos da Torá.

וְכִי תֵּימָא: הוּא הַדִּין דַּאֲפִילּוּ בַּעַל קֶרִי גְּרֵידָא נָמֵי פָּטַר רַבִּי יְהוּדָה, וְהַאי דְּקָא מִפַּלְּגִי בְּזָב שֶׁרָאָה קֶרִי — לְהוֹדִיעֲךָ כֹּחָן דְּרַבָּנַן. אֵימָא סֵיפָא: הַמְשַׁמֶּשֶׁת וְרָאֲתָה דָּם — צְרִיכָה טְבִילָה.

E se você disser: O mesmo seria verdade no caso de בַּעַל קֶרִי alguém que experimentasse uma emissão seminal sozinho, para declarar que o rabino Iehudá também o isentaria da imersão antecipada; e com o fato de discordarem, no caso de um זָב zav que experimentou uma emissão seminal e não no caso de בַּעַל קֶרִי uma pessoa que experimentou uma emissão seminal por si só; isso seria assim, para se transmitir a natureza de longo alcance do posicionamento dos rabinos, que exigiam a imersão ritual, mesmo neste caso.

Se for assim, declare o último caso dessa mesma mishná: Uma mulher que estava envolvida em relações sexuais e viu que o sangue menstrual saiu, requer imersão ritual.

לְמַאן קָתָנֵי לַהּ? אִילֵּימָא לְרַבָּנַן — פְּשִׁיטָא! הַשְׁתָּא וּמָה זָב שֶׁרָאָה קֶרִי — דְּמֵעִיקָּרָא לָאו בַּר טְבִילָה הוּא, מְחַיְּיבִי רַבָּנַן; הַמְשַׁמֶּשֶׁת וְרָאֲתָה דָּם — דְּמֵעִיקָּרָא בַּת טְבִילָה הִיא, לֹא כׇּל שֶׁכֵּן?! אֶלָּא לָאו רַבִּי יְהוּדָה הִיא, וְדַוְקָא קָתָנֵי לַהּ,

A Guemará procura esclarecer: De acordo com a opinião de quem está declara a posição deste caso na mishná que foi ensinada agora?

Se você disser que a posição ensinada estaria de acordo 'com a opinião dos rabinos': Isso é óbvio e estaríamos discutindo à toa.

Mas, se for o caso de um זָב zav que experimentou uma emissão seminal e que não estava apto para fazer o banho ritual desde o início, quando detectou a emissão seminal: Os rabinos requerem imersão ritual naquele caso! Então muito mais e além eles exigiriam imersão ritual, para uma mulher que se engajou em relações sexuais e só depois detectou sangue - e que a torna apta a fazer o banho ritual desde o início! Desde o momento que ela entrou em contato, com a emissão seminal de seu marido?

Então, essa não é mesmo a opinião do rabino Iehudá de que este caso foi ensinado especificamente a fim de ensinar...

מְשַׁמֶּשֶׁת וְרָאֲתָה נִדָּה — אֵינָהּ צְרִיכָה טְבִילָה, אֲבָל בַּעַל קֶרִי גְּרֵידָא — מְחַיַּיב. לָא תֵּימָא ״מְבָרֵךְ״, אֶלָּא מְהַרְהֵר.

...que uma mulher que teve relações sexuais e viu sangue menstrual não seria obrigada a fazer o banho ritual sozinha, mas se experimentasse uma emissão seminal sozinha, sem impureza simultânea, seria obrigada a fazer o banho ritual?

E sendo assim, devemos interpretar a declaração do rabino Iehudá na mishná - de que se recita uma bênção anterior e posterior, da seguinte forma - Não diga que se deve recitar uma bênção oralmente, mas sim que a pessoa se concentra nessas bênçãos, em seu coração.